Eu, um personagem de quadrinhos

16/11/2022 Compartilhe:

Amanhã vou lançar este site oficialmente. Foram meses trabalhando nele junto com o programador, depois semanas ajeitando as seções e organizando as publicações… Haja trabalho!

O ideal seria começar este post de divulgação do site de maneira mais altruísta, mas acho que depois de tanto esforço eu mereço uma leve ego trip.

Até porque o que trago hoje é um tema que costura vários trabalhos postados aqui: quero falar das vezes em que virei personagem de HQ.

 

Essas imagens aí de cima são, se me recordo bem, da primeira vez que isso aconteceu. O ano era 2010. A desenhista Ana Luiza Koehler e eu estávamos desenvolvendo a reportagem em quadrinhos “Juventude: em tempo de crescer” e achamos por bem me desenhar no trabalho. A decisão tinha uma razão de ser: a HQ foi publicada na revista Continuum, do Itaú Cultural, e saiu em meio a diversos outros conteúdos da publicação, e nem todos esses conteúdos eram jornalísticos. Ao mostrar a presença de um jornalista realizando entrevistas quisemos deixar claro, já nas primeiras páginas, que se tratava de uma HQ jornalística.

(Você pode ler essa reportagem cutucando aqui.)

 

Nove anos depois, a desenhista italiana Beatrice Davies e eu decidimos ir pela mesma linha quando fizemos a reportagem “Vor Gittern”. Aí acima aparecemos os dois no processo de apuração. O legal desse trabalho é que sou desenhado em diferentes cores.

(Em tempo: não acredito que toda reportagem em quadrinhos tem que mostrar repórter realizando entrevista, mas é um ótimo recurso para adicionar credibilidade ao trabalho. No mais, já experimentei com reportagem em quadrinhos onde os entrevistados falam com a ‘câmera’, como em “Der freie Platz”, ou onde só o entrevistado aparece, como em “So Close, Faraway!”.)

Nessas duas vezes em que apareci como repórter em reportagens em quadrinhos, isso ocorreu com certa dignidade. Diferente dos próximos três casos que vou relatar.

 

Durante as 24 horas de quadrinhos de Wannsee, em Berlim, eu uso um gongo. Sim, um gongo. A ideia não foi exatamente minha, mas sou eu que a coloco em prática: o objetivo é lembrar, de hora em hora, que o tempo está passando. Essa situação parece ter estimulado a criatividade de alguns participantes, ou mesmo pode tê-los aterrorizado, porque eu já apareci em algumas das HQs criadas nesse evento. Essas páginas aí de cima, por exemplo, são da HQ da Maki Shimizu, quadrinista japonesa radicada em Berlim. Ela fez isso na edição de 2019. A história completa está disponível aqui (em alemão).

A edição de 2022 ocorreu no início de outubro. Quando eu estava subindo os quadrinhos para o site SKIZZENBLOG, onde ficam todas as HQs feitas até agora, me deparei com essa figura aqui:

 

De novo o gongo. Nessa história, eu toco o terror mesmo, não deixo ninguém dormir. Aqui mais quatro páginas para você ter uma ideia:

 

 

A história completa pode ser lida aqui (em alemão).

Por fim, talvez a situação mais degradante. Pois não é que algumas pessoas acham que eu me pareço com essa pessoinha aqui?

 

Quando o quadrinista alemão Mawil esteve em Porto Alegre para participar do projeto Osmose, ele criou uma história em quadrinhos fictícia, na qual algumas das pessoas que ele conheceu viraram personagem. Eu, por exemplo.

 

O mais curioso desse caso é que vários amigos já me relataram que estavam folheando o livro e, do nada, ao me encontrarem ali desenhado dessa forma, soltaram uma gargalhada.

A graça eu confesso que não entendo. Pois olhem minha foto na página inicial deste site. Não sou bem mais bonitinho?

(Não responda.)